Relatório Global Revela Crise na Liberdade de Imprensa: 67 Jornalistas Mortos e 503 Detidos em 2024
Um novo relatório da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) apresenta dados alarmantes sobre a situação dos profissionais de comunicação mundial. Entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024, pelo menos 67 jornalistas foram assassinados, 503 encontram-se detidos, 20 foram feitos reféns e 135 permanecem desaparecidos.
"Os jornalistas são testemunhas da história, mas estão cada vez mais a ser transformados em reféns, moedas de troca e pessoas a eliminar", alertou Thibaut Bruttin, diretor-geral da RSF, sublinhando uma realidade preocupante: "Ninguém dá a vida pela profissão de jornalista. Os jornalistas não morrem, são mortos".
Gaza Lidera Lista de Países Mais Perigosos
Quase metade dos jornalistas mortos (43%) foram palestinianos assassinados na Faixa de Gaza durante ataques militares israelitas. O relatório destaca um caso "particularmente chocante" ocorrido em 25 de agosto, quando um ataque ao complexo médico al-Nasser resultou na morte de quatro profissionais da comunicação, incluindo o fotojornalista da Reuters Hossam al-Masri.
Israel detém atualmente 20 jornalistas palestinianos, tornando-se "uma das dez maiores prisões do mundo para jornalistas", segundo a RSF.
México: Segundo País Mais Mortífero
O México registou nove mortes de jornalistas em 2024, tornando-se o segundo país mais perigoso para profissionais da comunicação. Os jornalistas mexicanos, que cobriam política local e atividades de cartéis, haviam recebido ameaças diretas de morte, alguns estando sob proteção estatal quando foram assassinados.
Repressão Sistemática na China e Rússia
A China lidera a lista de países com maior número de jornalistas presos, totalizando 121 profissionais detidos (113 no continente e 8 em Hong Kong). A Rússia ocupa o segundo lugar com 48 jornalistas na prisão, incluindo 26 ucranianos.
Na Rússia, a RSF classificou 2024 como "o pior ano de repressão contra a imprensa desde o colapso da União Soviética". O país desceu para o 171º lugar no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa, o pior da sua história.
Situação Crítica na Ucrânia
Os jornalistas ucranianos enfrentam ataques direcionados com drones carregados de explosivos. Em outubro, os fotojornalistas Antoni Lallican e Georgiy Ivanchenko foram atingidos por um ataque de drone enquanto usavam equipamento identificado com "PRESS". Lallican morreu no local e Ivanchenko perdeu uma perna.
Desaparecimentos e Exílio Forçado
A Síria regista o maior número de jornalistas desaparecidos (37), muitos durante o regime de Bashar al-Assad. No México, 28 jornalistas permanecem desaparecidos, principalmente aqueles que cobriam crime organizado e corrupção.
Mais de metade dos pedidos urgentes de assistência da RSF em 2024 vieram de jornalistas forçados a fugir dos seus países. O Afeganistão, Rússia e Sudão lideram estes pedidos, com El Salvador também se destacando negativamente.
Perspetiva para o Futuro
Este relatório anual da RSF, realizado desde 1995, serve não apenas como balanço, mas também como ferramenta fundamental para iniciativas jurídicas e projetos de proteção aos jornalistas. Os dados revelam uma tendência preocupante de criminalização sistemática do jornalismo por regimes repressivos em todo o mundo.
A liberdade de imprensa, pilar fundamental da democracia e transparência, enfrenta desafios sem precedentes que exigem atenção urgente da comunidade internacional para proteger aqueles que se dedicam a informar a sociedade.