Liberdade de imprensa em crise: 67 jornalistas mortos e 503 presos em 2025
O relatório anual da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) revela dados alarmantes sobre a violência contra jornalistas em todo o mundo. Entre dezembro de 2024 e dezembro de 2025, pelo menos 67 jornalistas foram assassinados, 503 foram detidos, 20 feitos reféns e 135 estão desaparecidos.
Gaza lidera estatísticas trágicas
Quase metade dos jornalistas mortos (43%) foram palestinianos assassinados na Faixa de Gaza durante ataques militares israelitas. O relatório destaca um ataque "particularmente chocante" de 25 de agosto que visou deliberadamente profissionais da comunicação no complexo médico al-Nasser.
O fotojornalista da Reuters Hossam al-Masri foi morto no primeiro ataque. Minutos depois, jornalistas que cobriam os trabalhos de salvamento foram alvejados: Mariam Abu Dagga, Moaz Abu Taha e o fotógrafo da Al Jazeera Mohamad Salama morreram num segundo ataque.
México: segundo país mais perigoso
O México registou o "ano mais sangrento" dos últimos três anos, com nove jornalistas mortos em 2025. Estes profissionais cobriam política local, segurança e atividades de cartéis, tendo recebido ameaças diretas de morte. Alguns estavam sob proteção estatal quando foram assassinados.
China lidera prisões de jornalistas
A China ocupa o primeiro lugar com 121 jornalistas presos (113 no continente e 8 em Hong Kong). A Rússia segue com 48 profissionais detidos, incluindo 26 ucranianos. Myanmar, sob regime militar desde 2021, mantém 47 jornalistas na prisão.
Tecnologia como arma contra imprensa
Na Ucrânia, jornalistas enfrentam ataques de drones FPV carregados de explosivos. Em outubro, os fotojornalistas Antoni Lallican e Georgiy Ivanchenko foram atingidos por um drone enquanto usavam equipamentos marcados com "PRESS". Lallican morreu no local e Ivanchenko perdeu uma perna.
Desaparecimentos e exílio forçado
A Síria lidera com 37 jornalistas desaparecidos, muitos durante o regime Assad. No México, 28 profissionais continuam desaparecidos. Mais de metade dos pedidos de assistência da RSF em 2025 vieram de jornalistas forçados ao exílio.
"Os jornalistas não morrem, são mortos", afirmou Thibaut Bruttin, diretor-geral da RSF, sublinhando que estes profissionais estão sendo transformados em "reféns, moeda de troca e pessoas a serem eliminadas".
Impacto na democracia global
A RSF realiza este balanço desde 1995, documentando violações contra todos os profissionais que produzem informação de interesse público. Os dados servem como base para o Índice Mundial de Liberdade de Imprensa e iniciativas jurídicas da organização.
O relatório evidencia como regimes repressivos continuam criminalizando o jornalismo, ameaçando pilares fundamentais da democracia e do acesso à informação em todo o mundo.