Politics

Violência em Cabo Delgado força 22 mil pessoas a abandonar suas casas

Mais de 22 mil pessoas foram forçadas a abandonar suas casas em Cabo Delgado devido à escalada da violência. Ataques do Estado Islâmico intensificam crise humanitária na região.

ParCelina Mucavele
Publié le
#mocambique#cabo-delgado#terrorismo#deslocados#violencia#crise-humanitaria#estado-islamico#seguranca
Image d'illustration pour: Violences au Mozambique : 22.00 déplacés en septembre

Deslocados internos em Cabo Delgado buscam refúgio após novos ataques terroristas

Em apenas uma semana no final de setembro, cerca de 22 mil pessoas foram forçadas a deixar suas residências na província de Cabo Delgado, Moçambique, devido à escalada da violência insurgente que assola a região desde 2017. A situação tem se agravado significativamente, com novos ataques registrados nos últimos meses.

Intensificação dos ataques e violência contra civis

Insurgentes ligados ao Estado Islâmico atacaram a estratégica cidade portuária de Mocimboa da Praia, no nordeste do país, enfrentando forças militares e executando civis. A crise humanitária tem se agravado, levando a um aumento significativo no número de deslocados.

"O que testemunhamos nas últimas duas semanas é um sofrimento humano extraordinário. Os civis não são mais vítimas colaterais neste conflito: agora são alvos diretos", declarou Xavier Creach, representante do ACNUR em Moçambique.

Impacto humanitário crescente

Segundo dados oficiais, mais de 500 confrontos afetando civis foram registrados este ano, superando anos anteriores. Os ataques incluem:

  • Invasões a aldeias
  • Sequestros
  • Assassinatos
  • Saques
  • Recrutamento forçado

A violência tem causado grave impacto psicológico nas comunidades afetadas, com mais de 100 mil pessoas forçadas a deixar suas casas apenas este ano. Aproximadamente 89% desses deslocados já haviam sido anteriormente forçados a se mudar.

Desafios na resposta humanitária

A situação é agravada pelo fato de que 22 organizações humanitárias tiveram que encerrar suas operações em Cabo Delgado este ano. Desde o início do conflito em 2017, mais de 1,3 milhão de pessoas foram deslocadas em Moçambique, caracterizando o que especialistas chamam de "crise invisível".

Celina Mucavele

Economista e editorialista moçambicana, especialista em políticas públicas e reformas econômicas na África Austral.