Politics

Renamo Critica Presidente por Questionar Acordo Geral de Paz

Renamo acusa presidente moçambicano de minar Estado democrático ao sugerir revisão do Acordo Geral de Paz. Partido denuncia violações do acordo e falta de compromisso governamental.

ParCelina Mucavele
Publié le
#moçambique#renamo#acordo-de-paz#política#democracia#governança#conflito-político#reconciliação-nacional
Image d'illustration pour: Mozambique: Renamo criticizes President for suggesting reflection on the General Peace Agreement - Watch

Porta-voz da Renamo, Marcial Macome, durante conferência de imprensa em Maputo criticando declarações presidenciais

A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) criticou duramente nesta terça-feira o Presidente da República por sugerir uma reflexão sobre o Acordo Geral de Paz, acusando-o de promover "intolerância e arrogância governamental".

Tensões Políticas e Acusações

Em um momento que relembra as tensões anteriores que levaram ao conflito armado em outras regiões do país, o porta-voz da Renamo, Marcial Macome, declarou em conferência de imprensa em Maputo que o partido "repudia o discurso de ódio e intolerância que o Presidente da República tem proferido em suas viagens de trabalho".

Controvérsia sobre o Acordo de Paz

A polêmica surgiu após o chefe de Estado solicitar, em 17 de julho, que as Forças de Defesa e Segurança repensassem o cumprimento e a validade do Acordo Geral de Paz (AGP), assinado em 1992 em Roma. Esta situação tem gerado preocupações sobre a estabilidade política e governança democrática no país.

Acusações de Descumprimento

A Renamo, atual segundo maior partido da oposição, acusa os sucessivos governos da Frelimo de não cumprirem o acordo, especialmente quanto à formação de um exército conjunto e à nomeação de seus ex-guerrilheiros para posições de liderança. Esta situação remete a tensões sobre distribuição equitativa de poder e recursos no país.

"Deve haver igualdade nos cargos de comando e liderança nas Forças de Defesa, mas em clara violação dos Acordos de Roma, oficiais e generais têm sido relegados à reserva compulsória", afirmou Macome.

Processo de Paz em Risco

O porta-voz da Renamo criticou ainda o governo pela falta de interesse no processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), que só avançou em 2018 sob os termos de um novo acordo de paz. A situação atual demanda atenção especial para evitar retrocessos no processo de reconciliação nacional.

Celina Mucavele

Economista e editorialista moçambicana, especialista em políticas públicas e reformas econômicas na África Austral.