Crise em Cabo Delgado: Número de Deslocados Duplica para 93 Mil
Crise humanitária se agrava em Cabo Delgado com quase 93 mil pessoas deslocadas devido à escalada de ataques terroristas. OIM reporta aumento dramático nos últimos dias em várias regiões.
O número de pessoas deslocadas em Cabo Delgado e Nampula aumentou drasticamente nas últimas semanas, atingindo cerca de 93 mil pessoas devido à intensificação dos ataques terroristas que têm assolado a região norte de Moçambique.
Escalada da Crise Humanitária
Segundo o mais recente relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM), entre 22 de setembro e 13 de outubro, a escalada de violência forçou 92.792 pessoas (equivalente a 25.476 famílias) a abandonarem suas casas. Os deslocamentos ocorreram principalmente nos distritos de Balama, Mocímboa da Praia, Montepuez e Chiúre, em Cabo Delgado, estendendo-se também a Memba, na província de Nampula.
Impacto nos Distritos
Em Mocímboa da Praia, a OIM registrou 28.401 deslocados devido à insegurança nos bairros 30 de Junho e Filipe Nyusi. Esta região tem sido palco de repetidos ataques que afetam severamente a população civil, incluindo o setor educacional.
Distribuição dos Deslocados por Distrito:
- Balama: 5.629 pessoas
- Montepuez: 4.049 pessoas
- Mecufi: 7.497 pessoas
- Metuge: 6.238 pessoas
- Ancuabe: 4.079 pessoas
- Chíure: 10.221 pessoas
Resposta Governamental
O Presidente Daniel Chapo classificou os ataques como "atos bárbaros" contra a dignidade humana. O governo tem intensificado esforços para expandir a proteção social e garantir a segurança das populações afetadas.
Dimensão do Conflito
O Projeto ACLED (Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos) contabiliza 6.257 mortos em oito anos de conflito, com pelo menos 2.631 vítimas civis. A situação permanece instável, com o grupo Estado Islâmico de Moçambique (ISM) atuando em 11 distritos de Cabo Delgado.
Celina Mucavele
Economista e editorialista moçambicana, especialista em políticas públicas e reformas econômicas na África Austral.